Naquele dia 7 de dezembro de 1943
Chiara Lubich tinha apenas os sentimentos de uma jovem e bela mulher enamorada
pelo seu Deus, com o qual firmava um pacto de núpcias, timbrado com três cravos
vermelhos. Isso lhe bastava. Poderia imaginar a coroa de gente de todas
as idades, posições e raças, que a teria acompanhado em suas viagens,
chamando-a simplesmente “Chiara”? Na sua pequena Trento, poderia supor que suas
intuições místicas teriam descerrado uma cultura da unidade, adequada à
sociedade multiétnica, multirracial e multirreligiosa? Chiara Lubich precedeu
os tempos. Mulher, leiga, ela propôs na Igreja temas e aberturas que mais tarde
seriam retomadas pelo Concílio Vaticano II. Quando ninguém falava de
aproximação entre civilizações, ela soube indicar, na sociedade
internacionalizada, o caminho da fraternidade universal. Respeitou a vida e
buscou o sentido do sofrimento. Traçou um caminho de santidade, religiosa e
civil, praticável por qualquer pessoa, não reservada a poucos eleitos.
Em 1977, no Congresso Eucarístico de
Pescara, na Itália, ela disse: «A caneta não sabe o que deverá escrever, o
pincel não sabe o que deverá pintar e o cinzel não sabe o que deverá esculpir.
Quando Deus toma em suas mãos uma criatura, para fazer surgir uma obra Sua na
Igreja, a pessoa escolhida não sabe o que deverá fazer. É um instrumento. Creio
que este é o meu caso». E continuou: «Fecundidade e difusão
desproporcionais a qualquer força ou capacidade humana, cruzes, cruzes, mas
também frutos, frutos, frutos abundantes. E os instrumentos de Deus tem, em
geral, uma característica: a pequenez, a fragilidade… Enquanto o instrumento
move-se nas mãos de Deus, Ele o forma, com muitos e muitos expedientes,
dolorosos e jucundos. E assim o torna cada vez mais apto ao trabalho que deve
realizar. Até que, tendo conquistado um profundo conhecimento de si, e uma
certa intuição de Deus, pode dizer com competência: eu sou nada, Deus é tudo.
Quando a aventura iniciou, em Trento, eu não tinha um programa, não sabia nada.
A ideia do Movimento estava em Deus, o projeto no Céu».
Chiara Lubich está na origem do
Movimento dos Focolares. Nasceu em 22 de janeiro de 1920, em Trento, morreu em
14 de março de 2008, em Rocca di Papa, circundada pelo seu povo.
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